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Caso Anic: suspeito diz ter levado dois dias para concretar corpo de vítima em sapata de um muro

Réu confesso da morte da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, vista com vida pela última vez ao sair de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana, no fim da manhã dia 29 de fevereiro de 2024, o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica disse ter levado dois dias para concretar o corpo da advogada em uma sapata de um muro de uma casa, em Teresópolis, na Região Serrana. Ele também afirmou ter contado com a ajuda de uma pessoa não identificada para preparar uma massa de concreto, usada para sepultar o corpo da vítima num buraco.

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As informações constam no laudo da reprodução simulada do crime. O exame foi feito, no dia 23 de outubro, por uma equipe de peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, lotada no Posto Regional de Polícia Técnica Científica de Petrópolis. Na narrativa feita aos agentes, Lourival contou ter apanhado Anic numa rua próxima ao shopping. Segundo o relato, a vítima sentou-se no lado direito do banco traseiro de um carro, que era dirigido pelo técnico de informática. Dali, os dois foram até um motel, em Itaipava, onde o crime teria acontecido.

O documento acrescenta ainda que, num dos quartos do motel, Lourival deu um soco no pescoço de Anic, que caiu no chão sangrando. Pouco depois, ele a colocou numa cama e foi até o carro, estacionado na garagem do estabelecimento. O técnico de informática alegou ter aberto a mala do automóvel para pegar um fitilho plástico. O objeto foi usado para apertar o pescoço da advogada, segundo ele, para estancar o sangue da vítima.

Após o crime, Lourival afirmou, segundo o documento, ter pedido dois energéticos, sendo que usou um deles para limpar o chão do quarto, a fim de diluir o sangue que estava no piso. No mesmo dia, ele levou o cadáver para uma casa onde morava, em Teresópolis. Lá, o corpo foi concretado, em dois dias, numa sapata de um muro.

O laudo, por fim, conclui que Anic foi vítima de feminicídio detalhadamente premeditado, demandando tempo, recurso e planejamento, o que pode ser comprovado pela execução.

O cadáver só foi localizado pela polícia, em setembro de 2024, após Lourival prestar depoimento e confessar o crime numa Vara Criminal de Petrópolis. Ao ser encontrado, o corpo estava com uma algema em um dos pulsos. Uma aliança em nome de Benjamim Cordeiro Herdy, marido de Anic, também foi encontrada junto aos restos mortais.

Anic foi vista com vida pela última vez pouco depois das 11h do dia 29 de fevereiro de 2024. Na noite do mesmo dia em que o desaparecimento ocorreu, uma pessoa mandou uma mensagem de texto para Benjamin exigindo um resgate de R$ 4,6 milhões pela liberdade da advogada.

O pagamento do dinheiro exigido foi concluído dia 11 de março, mas Anic não voltou para casa. No dia 14 de março, a família da vítima procurou a 105ªDP (Petrópolis) para registrar o caso. Dias depois, Lourival foi preso. Outras três pessoas suspeitas de participação no crime, os irmãos Maria Luiza e Henrique Vieira Fadiga, filhos de Lourival, e Rebecca Azevedo dos Santos, com quem o técnico de informática já teve um relacionamento amoroso, também chegaram a ser presas. O trio, no entanto, foi solto pela Justiça e está em liberdade. Apenas Lourival continua preso.

Procurada, a Delegada Cristiana Onorato, responsável pela apuração do crime, informou que a capitulação de feminicídio, feita pela perícia, pode ser mudada a pedido do Ministério Público ou pelo juízo da Vara Criminal de Petrópolis, encarregada de julgar o caso. Sobre a participação de uma segunda pessoa que teria ajudado a concretar o corpo de Anic, a investigação não conseguiu comprovar a versão apresentada por Lourival.

O técnico de informática era amigo da família de Anic e se apresentava como policial federal, mesmo sem nunca ter feito parte da corporação.

Além da investigação feita pela Polícia Civil, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar crime de evasão de divisas. É que parte do dinheiro do resgate de Anic teria sido depositado, a pedido de Lourival, em contas de doleiros e de comerciantes no Paraguai.

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