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São Paulo tem dia mais quente do ano e segue em estado de atenção para altas temperaturas

A cidade de São Paulo teve nesta quarta-feira o dia mais quente do ano até o momento. De acordo com as medições feitas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação meteorológica do Mirante de Santana, na Zona Norte, registrou 33,8°C ao longo da tarde. Pelos dados da prefeitura, as temperaturas foram ainda mais elevadas: o Centro de Gerenciamento de Emergência (CGE) marcou 36°C na estação meteorológica de Perus, na zona noroeste.

Segundo o último anúncio oficial do CGE, o recorde do verão deste ano havia sido na terça-feira, quando a média na cidade ficou em 33°C. Porém, o meteorologista do órgão Thomaz Garcia afirma que a média máxima desta quarta já ultrapassou essa marca, visto que alcançou os 33,1°C durante a tarde.

A capital paulista está em estado de atenção para altas temperaturas desde segunda-feira. O decreto foi feito pela Defesa Civil municipal.

A situação da capital, no entanto, divide a opinião dos especialistas ao ser considerada ou não como uma onda de calor. Para Thomaz, as condições atendem aos critérios técnicos — ou seja, as temperaturas permanecem 5°C acima da média do mês há pelo menos três dias. Em janeiro, a média máxima é de 28,7°C.

Vitor Takao, meteorologista da Climatempo, por outro lado, explica que a região Sudeste ainda não passou por um evento de onda de calor, mas sim por um calor intenso.

— O que a gente teve mesmo foi um calor intenso, ocasionado pela circulação de ar quente que incidiu não só sobre a capital paulista, como por boa parte do estado de São Paulo e no Sudeste como um todo — explica Vitor.

De acordo com o especialista, a elevação das temperaturas é justificada pelo transporte de ar quente de regiões de latitudes menores (como da Amazônia) para o Sudeste. Ainda, houve a formação e deslocamento de uma frente fria sobre o oceano, que intensificou o direcionamento dos ventos de ar quente.

Além dos ventos, a umidade presente na atmosfera e a falta de nuvens no céu, com maior incidência solar, também contribuem para o aumento das temperaturas e, consequentemente, da sensação térmica.

— Nossa transpiração é um regulador térmico que mantém a temperatura ideal do nosso corpo. Quando a gente tem um ar com muita umidade, um ar saturado, a gente sente dificuldade no processo de transpiração — esclarece Vitor. — O calor fica mais aprisionado no corpo, o que aumenta a sensação térmica.

Outro fator que intensifica o calor intenso, segundo os meteorologistas, é o aumento das temperaturas mínimas, que, nesta semana, ficaram entre 22 e 23°C.

Como é tradicional do verão, calor e umidade são precursores das pancadas de chuva, que seguem previstas para os próximos dias e acontecem geralmente entre o meio e o fim da tarde e início da noite. Segundo o CGE, há potencial para precipitações com moderada a forte intensidade, acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento.

No litoral, o aquecimento adiabático (ou seja, a descida do ar quente para a costa) também contribuiu para temperaturas mais altas na região. Na terça, Santos chegou a marcar a maior máxima do estado, alcançando os 38°C.

Até quando vai o calor em São Paulo?

As temperaturas devem começar a cair na capital paulista ainda no final de semana, por conta da previsão de chuva e da chegada de uma frente fria. Até sábado, as altas temperaturas devem persistir.

— A partir do domingo, nós teremos uma frente fria no litoral que vai estimular a chuva. Teremos uma manhã com mais nuvens, poucas aberturas de sol e a chuva deve vir já no início da tarde — diz Thomaz Garcia, meteorologista do CGE. — Apesar das temperaturas mínimas ainda muito altas, acima dos 20°C, a chuva deve ser generalizada no domingo.

Apesar do calor intenso, o mês de janeiro ainda segue menos quente do que o mesmo período de 2024, que passou por condições extremas e ondas de calor.

— As condições são distintas das que encontramos hoje. Não estamos caminhando para um cenário crítico extremo, como observamos no ano passado — afirma Vitor Takao. — Esse janeiro não está sendo mais quente, mas com certeza mais chuvoso do que no ano anterior.

Segundo o banco de dados do CGE, janeiro acumulou até o momento 78,4mm de chuva — o que representa 30,4% do total de milímetros esperados para o mês.

Dentre os cuidados durante os períodos de calor intenso, é recomendado beber água, consumir frutas e evitar alimentos pesados. Além disso, evitar ficar exposto ao sol, usar bonés e exercitar-se em horários frescos também são medidas sugeridas.

No atual cenário, a prefeitura reativou a Operação Altas Temperaturas nesta quarta. A ação da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) atende os paulistanos em dez tendas espalhadas pelas cinco regiões da cidade, onde distribuem água, chás, sucos e frutas.

Além de acolher qualquer pessoa que queira abrigo com temperatura amena, profissionais de saúde também orientam os tutores de pets sobre como manter os animais hidratados e os cuidados recomendados para a exposição deles ao sol.

Calor afasta paulistanos da capital

A pesquisa da Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ipec, divulgada nesta terça, mostra que 65% dos moradores da capital mudariam de cidade se pudessem. Desse número, 8% mencionam o calor e o aumento da temperatura como o maior problema da cidade.

A segurança foi apontada por 74% dos internautas como o principal problema da cidade. Em seguida, aparecem as áreas da saúde (36%), transporte coletivo (15%), habitação e educação (empatadas com 12%).

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