Investimentos

‘Procedimento é relativamente simples e de baixo risco’, diz médico de Lula

O procedimento de embolização de artéria meníngea média que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passará amanhã é “relativamente simples e de baixo risco” disse o cardiologista Roberto Kalil Filho, médico do presidente. Kalil afirmou, ao lado de Ana Helena Germoglio, também médica de Lula, que intervenção já estava prevista como desdobramento de cirurgia que Lula passou no começo da semana no Hospital Sírio-Libanês. Os dois especialistas a todo tempo afirmaram que o quadro do presidente não teve grandes alterações e afirmaram, ainda, que procedimento marcará a retirada de um dreno que está na cabeça de Lula.

— A cirurgia do presidente transcorreu sem nenhuma intercorrência, foi feita a drenagem e a trepanação. A evolução do presidente foi ótima ele desenvolveu bem, sentado, conversando, comendo e se alimentando. Já estava sendo discutindo como complemento do procedimento cirúrgico esse tipo de embolização. É um tipo de cataterismo — explicou Roberto Kalil Filho. — Quando você drena o hematoma (como ocorreu no procedimento de segunda) existe uma pequena possibilidade de, no futuro, as artérias da meninge causarem um pequeno sangramento. Não é impossível de acontecer.

Kalil reforçou que esse procedimento ocorreu como forma de minimizar a possibilidade de que esse sangramento ocorresse novamente.

— Faz parte dos protocolos atuais e é um procedimento de baixo risco que foi muito discutido com a equipe médica no dia de hoje — afirmou Kalil.

É um procedimento, afirmou Kalil, “relativamente simples”, que deve ocorrer amanhã pela manhã. A ideia inicialmente é que a intervenção só fosse divulgada amanhã, em coletiva da imprensa já marcada, mas de acordo com Kalil, Lula e a primeira-dama Janja da Silva prefeririam falar sobre o caso hoje.

— Já estava previsto desde o procedimento cirúrgico. Não falamos antes porque esperamos uma evolução, extremamente boa do presidente, para acontecer — disse o cardiologista. — Poderia ter sido feito hoje, ou sexta, mas decidimos fazer amanhã justamente para retirar o dreno.

O que faltava, afirmou doutora Ana Helena, era apenas “bater o martelo” para tal intervenção.

— O procedimento não é cirúrgico, ocorre em sala de cateterismo e deve durar por volta de uma hora. Ocorre via femural, com sedação ou anestesia. É um procedimento relativamente simples e de baixo risco — disse Kalil.

O procedimento foi informado pela equipe médica em boletim divulgado pelo Sírio-Libanês às 16h30min desta quarta-feira. “Como parte da programação terapêutica, fará complementação de cirurgia com procedimento endovascular (embolização de artéria meníngea média) amanhã, pela manhã”, diz o comunicado. A mesma nota diz que Lula “passou o dia bem, sem intercorrências, realizou fisioterapia, caminhou e recebeu visitas de familiares”, enquanto “permanece sob cuidados intensivos”.

Internado às pressas

Após sentir incômodos na cabeça na segunda-feira, o presidente deu entrada na unidade do hospital em Brasília. Com um quadro mais grave do que o registrado no dia do acidente doméstico, o petista precisou ser levado às pressas para São Paulo para ser submetido a uma cirurgia de emergência em que foi feita uma perfuração no crânio para acessar o cérebro e drenar um sangramento.

A internação aconteceu 51 dias depois de Lula bater a cabeça em uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada. Segundo informações oficiais, o presidente caiu após sentar errado em um banco para cortar as unhas.

A expectativa é que ele deixe a UTI em até três dias e volte para Brasília somente na próxima semana. O médico particular do presidente, Roberto Kalil Filho, garantiu que ele não terá nenhuma sequela cerebral e que as perspectivas de recuperação são boas.

Hemorragia após contusão cerebral

O petista teve um sangramento entre as camadas do meio e mais externa do cérebro no lado esquerdo da cabeça. Segundo os médicos, esse tipo de sangramento tardio é comum em caso de contusão cerebral.

— No primeiro sangramento [ocorrido em outubro], o corpo dele tinha absorvido. Na fase de absorção, às vezes, fica mais liquefeito o sangramento. Ele acaba absorvendo mais água e pode ter um sangramento tardio. Isso pode acontecer meses depois. Ele já tinha absorvido o primeiro sangramento e agora acabou tendo um segundo. Por esse motivo ele estava liberado pela equipe médica lá em outubro, com a obrigação de que ele iria realizar exames de rotina — explicou o neurologista do presidente, Rogerio Tuma.

Não há, porém, previsão de quando Lula poderá voltar a despachar no Palácio do Planalto. Decisões centrais de governo, que dependem do presidente, devem ser adiadas. Ministros farão a articulação com o Congresso na ausência.

Desde a queda de outubro, Lula tinha passado por uma série de exames para verificar a evolução da contusão. Os testes constataram melhora do quadro, no começo de novembro, e o presidente, inclusive, recebeu autorização para voltar a viajar de avião.

Evolução do quadro

Na segunda-feira, Lula passou a relatar dor de cabeça. Auxiliares que despacharam com o presidente ao longo do dia disseram ter percebido que ele estava indisposto e “para baixo”.

A infectologista Ana Helena Germoglio acompanhou o presidente desde o Palácio da Alvorada e durante todo o voo do translado para São Paulo. Ela salientou durante a coletiva de imprensa que o chefe do Executivo permaneceu lúcido durante toda a viagem.

Já em São Paulo, por volta de 1h30 de ontem, Lula foi operado. O procedimento realizado foi uma trepanação, que consiste numa perfuração no crânio em que se insere uma sonda para chegar até o hematoma e drená-lo.

Segundo a equipe médica, ele está se alimentando e conversando normalmente após a cirurgia, sem complicações. Lula deve permanecer de 48 horas a 72 horas com o dreno.

No início da tarde de ontem, a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, fez sua primeira manifestação pública sobre o estado de saúde do presidente, afirmando que ele está recebendo o cuidado necessário e que voltará em breve a trabalhar. “A angústia dessa noite deu espaço para a tranquilidade e para a certeza de que, com a dedicação da equipe médica e com a fé e o amor do povo, em breve ele estará novamente de volta ao trabalho. Por isso, fiquem tranquilos”, escreveu em uma rede social.

Lula deu entrada no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, às 18h de segunda-feira e partiu para São Paulo às 22h30. Segundo o boletim médico, Lula estava com dor de cabeça. “Ressonância magnética mostrou hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido em 19/10”, afirma o hospital.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que Lula está bem e não teve nenhuma alteração de consciência antes ou depois da cirurgia. Segundo Padilha, o procedimento foi exitoso, o presidente se alimentou pela manhã e sua recuperação está boa.

— Em uma situação como essa, é muito importante saber se ele teve algum tipo de alteração de consciência antes ou depois do procedimento. Não aconteceu isso em nenhum momento — disse o ministro em vídeo nas redes sociais.

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