Uma pesquisa inédita no Amapá vai usar o DNA e a assinatura química de árvores para fazer o mapeamento genético de espécies madeireiras da Amazônia. A partir dessa identificação, a madeira retirada em florestas da região poderá ser identificada em qualquer parte do país, como em fiscalizações, por exemplo.
O objetivo é evitar desmatamentos e o transporte ilegal. O projeto é coordenado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP) e tem parceria com universidades amazônicas, como a do Estado do Amapá (Ueap).
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A coleta inicial no estado ocorreu na primeira semana de dezembro, na Floresta Nacional do Amapá (Flona), que é uma unidade de conservação federal e que tem concessão para manejo florestal. Foram coletadas folhas e troncos de espécies como cumaru, maçaranduba, angelim, cupiúba, ipê amarelo e ipê roxo.
De acordo com Perseu Aparício, pesquisador da Ueap e coordenador do Grupo de Pesquisa e Ecologia de Ecossistemas Amazônicos, após as análises será possível identificar o padrão de origem dessas espécies.
“É como se a gente estivesse descobrindo a identidade dessas espécies no Amapá. E quando a gente descobre e mapeia o DNA e os isótopos, conseguimos entender o padrão de origem para depois fazer, na hora da fiscalização, comparações com os padrões de origem de outros estados. O Amapá vai ter uma característica de DNA e isótopos, o Pará outro e o Amazonas, outro”, detalhou Aparício.
“É como se a gente estivesse descobrindo a identidade dessas espécies no Amapá. E quando a gente descobre e mapeia o DNA e os isótopos, conseguimos entender o padrão de origem para depois fazer, na hora da fiscalização, comparações com os padrões de origem de outros estados. O Amapá vai ter uma característica de DNA e isótopos, o Pará outro e o Amazonas, outro”, detalhou Aparício.
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Também foram feitas coletas de amostras a partir da perfuração de árvores dentro da área de manejo florestal de uma das concessionárias da Flona.
Para Ana Batista, doutoranda no Cena, com os dados será possível a criação de um perfil para produtos madeireiros da Amazônia.
“Estamos trabalhando diretamente na rastreabilidade de madeira com isótopos forenses, com o intuito de construir um perfil isotópico para a Amazônia e, assim, podermos empregá-lo como ferramenta de rastreamento das madeiras exploradas na região. Esse estudo é de grande importância ao combate da exploração ilegal de madeiras na Amazônia. Acreditamos que com o aprimoramento dessa ferramenta irá ser de grande ajuda para a polícia e ao controle de fiscalização e, assim, eles vão conseguir trabalhar com muito mais eficiência na construção de laudos periciais e, assim, conseguir trabalhar”, descreveu a pesquisadora.
A pesquisadora informou que a Flona é uma área importante para a construção do perfil isotópico para a região, devido a suas características climáticas e de relevo.
Na Amazônia, a metologia já foi usada em outros estados, como destacou a professora Marta Scott, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
“Estou compondo a equipe de coleta de madeira para o projeto. No ano passado, no INPA, nós discutimos a definição de um protocolo de coleta para que seja implementado nos estados da região amazônica. No início do mês de novembro, nós fizemos a primeira coleta na Floresta Nacional do Jamari e agora estamos replicando a metodologia aqui no Amapá”, informou.
“Estou compondo a equipe de coleta de madeira para o projeto. No ano passado, no INPA, nós discutimos a definição de um protocolo de coleta para que seja implementado nos estados da região amazônica. No início do mês de novembro, nós fizemos a primeira coleta na Floresta Nacional do Jamari e agora estamos replicando a metodologia aqui no Amapá”, informou.
Importância do mapeamento genético
A pesquisadora do Cena, Gabriele Rossini Moreira, descreveu que o objetivo é usar o mosaico da composição de solos presentes na região amazônica para identificar de forma precisa a origem da madeira.
“Essa ideia se baseia no fato de que a composição química da madeira varia de acordo com o solo onde essas árvores cresceram. Cada tipo de solo possui uma assinatura química única e essa variabilidade é transmitida para a madeira”, explicou a pesquisadora.
“Essa ideia se baseia no fato de que a composição química da madeira varia de acordo com o solo onde essas árvores cresceram. Cada tipo de solo possui uma assinatura química única e essa variabilidade é transmitida para a madeira”, explicou a pesquisadora.
Segundo Gabriele Moreira, atualmente, a identificação dessas amostras é feita com base em documentos físicos que são fáceis de serem adulterados. A ideia é utilizar essas características da madeira para dizer, de fato, de onde essa madeira veio, utilizando uma característica que não pode ser adulterada.
A ideia ao fim do projeto é consolidar um banco de dados robusto. Para isso, os pesquisadores buscam conseguir o maior número possível de amostras de diferentes regiões dentro da Floresta Amazônica.
Gabriele destacou que a União Europeia e países como os Estados Unidos estão “fechando o cerco” e exigindo certificações de origem para importação de commodities como a soja e carne. “Para a madeira, a gente acredita que isso vai acontecer muito em breve, já que as pressões relacionadas ao cuidado com o meio ambiente estão cada vez maiores”.
Ela destacou ainda que no atual contexto de emergência climática, é de grande importância que estudos como esse sejam desenvolvidos e que parcerias sejam constituídas entre universidades, institutos de pesquisas e empresas privadas para que a ferramenta possa chegar até os órgãos de fiscalização.
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